Não relutamos
para procurar um médico em função de um sintoma físico, mas isso muitas vezes
acontece quando passamos por um sintoma psicológico como ansiedade, preocupação,
tristeza prolongada, depressão, fobia (medo fora de controle), distúrbios de
humor , entre outros. É difícil encontrar pessoas que encarem a psicoterapia
como tratamento e até como uma forma de prevenção contra a ocorrência de problemas
psicológicos mais graves. As pessoas relutam em procurar um psicólogo, em
função do estigma social que ainda existe. Muitos ainda acham que psicólogo é
coisa para louco ou que buscar ajuda é um sinal de fraqueza, de incapacidade
para resolver seus próprios problemas... desta forma, só procuram o
psicoterapeuta quando o problema já se instalou e começou a interferir nos seus
relacionamentos familiares, amorosos e sociais, e até mesmo em seu trabalho.
Dizer que
alguém é "doente dos nervos" ou "doente mental" é quase um
xingamento. No geral, as pessoas têm
pouca informação sobre as doenças mentais e muito preconceito. Isso se torna um problema quando as pessoas
resistem em pedir ajuda, em função do medo, e da vergonha que vem com o
estigma, sabendo do preconceito que irão enfrentar.
Algumas situações, que para algumas pessoas
podem ser simples e de fácil resolução, para outras não são, pelo simples fato
de que somos diferentes. As doenças psicológicas podem afetar qualquer pessoa,
de qualquer idade, cultura ou raça, com ou sem fator desencadeante. Situações
de estresse como pressão excessiva no trabalho, divórcio, mudanças na vida, podem contribuir para o aparecimento de
distúrbios psíquicos, ou seja: podem causar um desequilíbrio emocional. Podemos
vivenciar um momento de crise, de luto, de abandono, de frustração, de perda,
acontecimentos por si só difíceis de “encarar”, ou mesmo sem que aparentemente
nada de especial tenha acontecido e por conta desses transtornos, podemos
necessitar de algum tipo de ajuda profissional. ” (Almeida Filho e cls.,1997) .Fatores
genéticos, familiares, sociais, psíquicos, ambientais, enfrentamento,
preconceito, e até o bulling, tão falado e questionado nos dias de hoje,
contribuem para o aparecimento destes transtornos. Diante de situações
difíceis, qualquer um pode apresentar um distúrbio emocional. As doenças mentais graves e persistentes são
menos comuns, mas ainda afligem grande parte da população, que embora precisem
de ajuda profissional, evitam buscá-la por medo de serem taxados como
"loucos" ou "doentes mentais".
Os problemas psicológicos
englobam todo desconforto emocional que não seja causado por um acontecimento
traumático ou desagradável recente. Ou seja, é normal sentir-se triste após o
fim de um relacionamento ou com a morte de um ente querido. Entretanto, se após
6 meses você ainda está tomado pela tristeza e não conseguiu retomar o seu
funcionamento normal, isso pode ser o sinal de um problema maior. Qualquer
pessoa pode começar a sentir-se triste, irritada, ou apenas frustrada pelos
problemas da vida quotidiana. Pode perder o sono, tornar-se irritável, sem
paciência, de mal humor... No caso dos
sintomas de problemas psicológicos os sentimentos e emoções normais que nós
sentimos no cotidiano ficam exagerados.
Sentimos ansiedade, diante de situações do cotidiano, mas se a ansiedade
passa a ser permanente e sem um motivo aparente, isso pode ser o sintoma de um
transtorno de ansiedade. É normal sentir tristeza diante do fim de um
relacionamento, por exemplo, entretanto, se a tristeza não vai embora e ficamos
tristes o tempo todo esse pode ser o início de uma depressão, pode ser o fator
desencadeante. A mesma coisa ocorre com
o medo exagerado, a irritação exagerada, entre outros. Nestes casos, o exagero pode ser o sintoma de
algo maior do que um simples desequilíbrio emocional, e pode ser um sinal de
que a pessoa está precisando da ajuda de um profissional. A ansiedade é um estado emocional, sentido
como antecipação de problemas, quase que um medo ou apreensão em relação ao
futuro. De fato, todos sentem ansiedade quando se veem diante de uma situação
difícil ou estressante. Se por precaução refletimos, e buscamos uma solução
para um problema, isso pode ser produtivo para o nosso desempenho, ou seja, a
ansiedade é um estado normal e é até necessária para a boa adaptação do
indivíduo. Entretanto, a ansiedade passa a ser considerada um transtorno quando
o indivíduo a experimenta de maneira desproporcional, relacionada a
preocupações excessivas e não realistas, em situações que a maioria das outras
pessoas enfrentariam com pouca dificuldade.
O Transtorno
de Ansiedade Generalizada é caracterizado por uma ansiedade persistente e
generalizada, em qualquer situação. Nesse caso, os sintomas são o medo e uma
preocupação exagerada, desproporcional e difusa com em relação ao futuro, que
acomete essas pessoas o tempo todo, gerando mal-estar físico e psíquico. Essas
pessoas estão sempre preocupadas e antecipando possíveis desgraças e
catástrofes consigo ou com seus familiares. Ele não deve ser confundido com o
transtorno do pânico, em que os pacientes também experimentam estados de
ansiedade prolongada entre uma crise e outra. Os pacientes de ansiedade
generaliza não apresentam crises de pânicos e sim estados permanentes e
prolongados de desconforto ansioso. O indivíduo que sofre de transtorno de
ansiedade generalizada pode apresentar os seguintes sintomas: tendência a
cansar-se com facilidade, hipervigilância, sensação de que está no limite do nervosismo,
dificuldade de concentração e frequentes esquecimentos, Irritabilidade, tensão
muscular, dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório, preocupação com a
possibilidade de doença grave ou acidente embora não existam indicativos de que
essas coisas possam vir a acontecer, tendência
a assustar-se com facilidade e de forma intensa sem motivos justificáveis. Em alguns casos podem ocorrer sintomas
físicos como: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da
frequência urinária, sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de
um bolo na garganta, etc.
Quanto ao
ataque de pânico, ele é um elemento
essencial do transtorno do pânico, é um período de intenso medo ou desconforto
que aparece de repente, muitas vezes em lugares familiares, onde não existe
nada aparentemente ameaçador ao indivíduo. Mas quando o ataque vem, ele se
sente como se existe uma ameaça real, e o corpo reage em conformidade. Ataques
de pânico são geralmente classificados como
parte do transtorno do pânico quando eles ocorrem mais de uma vez, e são acompanhados
por pelo menos quatro dos seguintes sintomas: suores, falta de Ar, batimento cardíaco acelerado, dor torácica,
sensação de instabilidade, Sensações de sufoco ou abafamento, dormência ou zumbidos, desmaios; tremores ou agitação e medo de
perder o controle, enlouquecer, ou morrer. O desconforto e a sensação de perigo
do ataque é tão intensa que leva as pessoas com transtorno do pânico muitas
vezes a achar que está tendo um ataque cardíaco ou outras doenças com risco de
vida.
Muitos
familiares e acompanhantes questionam: - “É mesmo verdade o que ela/ele diz que
sente? ” E respondemos: As pessoas
sentem de verdade todos estes sintomas, não dizem que sentem ou inventam os
sintomas... E há bem pouco tempo ouvi o questionamento: Mas está todo mundo em
PÂNICO? Olha, acredito que se não
prestarmos atenção em nós mesmos, nos gritos calados, em nossas reais
necessidades, em nós mesmos, logo estaremos todos em pânico... precisamos nos
olhar e nos enxergarmos. Reconhecer que temos limites.
O problema é que só uma
parcela pequena dessas pessoas busca ajuda. Isso faz com que os casos se
agravem. Muito deste sofrimento poderia ser reduzido com a detecção precoce e
tratamento rápido, mas, infelizmente, isso não vem acontecendo. Vale a pena
ressaltar, que esses artigos têm como objetivo, elucidar e informar o público,
não são ferramentas para diagnóstico. Se você se identifica com alguns destes
sintomas, procure a ajuda de um profissional. A Psicoterapia Comportamental é
um recurso para ajudá-lo a entender melhor a si mesmo, às pessoas ao seu redor
e aos seus problemas e pode auxiliá-lo a encontrar maneiras de enfrentar as
dificuldades e melhorar sua qualidade de vida.
Raquel
Francisca Sabio é Psicóloga e Terapeuta
Comportamental